A morte de Ivan Ilitch

Talvez um dos encontros mais temidos da humanidade seja o encontro com a morte. Há milhares de anos, a raça humana tenta compreender o que se passa nesse momento tão único, e o que vem depois dele. Passa ano, vem ano e a curiosidade apenas aumenta e a incógnita continua aberta. 

Publicado em 1886, A Morte De Ivan Ilitch relata o encontro de Ivan, o personagem principal, com a Morte. Ali, deitado e sem forças, em seus últimos momentos, cercado de pensamentos, reflexões, ele rebobina e assiste à tudo o que viveu.

Em busca de uma vida melhor para ele e sua família, Ivan, um juiz extremamente respeitado na sociedade, dedicou toda a sua vida ao trabalho. Sempre levando a sério o seu lema de vida: “leve, agradável, alegre e sempre decente e aprovada pela sociedade”, Ivan fazia de tudo para ser decente aos olhos dos outros, sendo assim, como à moda da época, casou-se cedo, teve filhos e construiu uma família feliz. Pelo menos era o que aparentava. 

O livro se inicia no velório de Ivan. Nesse cenário, somos surpreendidos, na realidade, nem tanto, pelos comentários e conversas ao redor do caixão. Seus ditos “amigos” discutiam quem tomaria o posto de Juiz que ele ocupava. Sua família se perguntava como manteriam os luxos, e nem ao menos se importavam com o ocorrido. Naquele momento, a dor não tinha espaço, o luto não era relevante. As efemeridades continuavam a tomar lugar.

Uma crítica escancarada aos costumes do século XIX que reverberam até os dias atuais. A obra genial de Lev Tolstói, assim como todos os clássicos, é uma prova de que a essência humana continua a mesma. Passam-se os anos e continuamos assim, valorizando o status, o trabalho, o dinheiro, deixando o efêmero tomar o controle de nossas vidas. 

Ler A Morte De Ivan Ilitch é uma catarse, uma viagem para o Ser. É leitura obrigatória para todo que vivem cercados e alucinados pela efemeridades da vida, ou seja, todos nós.  

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