Segundo o dicionário Aurélio, uma das definições de arte é “expressão de um ideal de beleza nas obras humanas: obra de arte”. Já cultura, de acordo com a mesma fonte, pode ser definida como o “conjunto das estruturas sociais, religiosas, intelectuais, artísticas (etc.) que caracteriza uma sociedade”.
Mas não é sobre essa diferença termológica que queremos falar. O que nos preocupa é a diferença de acesso à arte e cultura escancarada nos degraus da pirâmide social brasileira. Sabemos que (infelizmente) quanto maior a renda, maior a vivência cultural. Mas os números são gritantes.
Para começar, segundo o SIPS – Sistema de Indicadores de Percepção Social, criado pelo IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, apenas 4,2% dos brasileiros visitam museus e centros culturais pelo menos uma vez por mês. O índice para teatro, circo e shows também é lamentável: 59,2% nunca vão, e 25,6% frequentam raramente. Além disso, mais de 70% dos brasileiros nunca assistiram a um espetáculo de dança.
Para 71% dos entrevistados pelo IPEA, o maior obstáculo ao acesso à cultura é o preço. Outra barreira relatada por 56% é o perfil do público que frequenta espaços culturais.
A localização dos equipamentos de cultura também é um empecilho: 62,6% relatam ser distante do lugar onde moram. Segundo a pesquisa, quanto melhor a situação financeira, maior é a proximidade e o acesso aos equipamentos culturais.
Hoje, infelizmente, a principal atividade cultural dos brasileiros é assistir televisão: 78%.
E o que fazer para diminuir a diferença?
Iniciativas como o Vale-Cultura, do governo federal, são bem vindas, mas desde que façam parte da estruturação de uma política de Estado voltada à Cultura. É preciso lembrar que o orçamento do Ministério da Cultura para 2014 é de R$ 3,26 bi, enquanto os subsídios que custeiam o Vale-Cultura somam R$ 7 bi anuais. A conta não fecha.
No Estado de São Paulo temos o Proac (Programa de Ação Cultural – governo de São Paulo) que, desde 2006, estimula práticas culturais em parceria com empresas por meio de iniciativas ficais, assim como a Lei Rouanet, do governo federal, que existe desde 1991.
No entanto, para que arte e cultura realmente possam ser para todos, independentemente da classe social, sexo, idade, cor, ou localização da moradia, é preciso estruturar uma política cultural. Política que deve envolver também o ensino de cultura nas escolas públicas, questão muitas vezes menosprezada ou esquecida em âmbitos municipal, estadual e federal.
fonte: euamaobrasil.org.br