Maior reserva indígena do Brasil, a Terra Yanomami esteve nesta semana no centro das discussões políticas em razão da grave crise sanitária que vivem adultos e crianças da comunidade.São dezenas de casos de malária e desnutrição grave. A situação se agravou muito nos últimos anos, com o descaso do governo Bolsonaro e o avanço do garimpo ilegal.
Há pouco mais de uma semana, o governo federal declarou emergência de saúde pública para agilizar a assistência aos indígenas. O presidente Lula visitou Roraima no dia 21 e classificou a situação dos Yanomami como desumana. “O que vi, me abalou”, disse.
Emergência de saúde pública e visita de Lula
Na noite de sexta-feira (20), anterior à viagem de Lula, o Ministério da Saúde declarou emergência de saúde pública para enfrentar à desassistência sanitária no território Yanomami.
Além disso, Lula criou o Comitê de Coordenação Nacional para discutir e adotar medidas em articulação entre os poderes para prestar atendimento a essa população. O plano de ação deve ser apresentado no prazo de 45 dias, e o comitê trabalhará por 90 dias, prazo que pode ser prorrogado.
Na visita a Roraima, o presidente, acompanhado de sete ministros – entre eles Nísia Trindade, da Saúde, e Sonia Guajajara, dos Povos Indígenas – esteve por cerca de duas horas dentro da Casa de Saúde, na zona rural de Boa Vista. Ao sair, todos se disseram impressionados com o que viram.
Antes da visita de Lula, técnicos do Ministério da Saúde foram enviados para a Terra Indígena para elaborar um diagnóstico da situação. Em quatro dias, resgataram ao menos oito crianças em estado grave, com quadros severos de desnutrição e malária. Além disso, o Ministério da Saúde abriu inscrições para profissionais da saúde atuarem na resposta à crise humanitária.
Cenas de guerra
Integrante da comitiva de Lula, o secretário de Saúde Indígena (Sesai) do Ministério da Saúde, Weibe Tapeba, ficou em Roraima e embarcou para Surucucu. Ao retornar, disse que as equipes estavam fazendo uma verdadeira operação de guerra para resgatar os doentes.
Na primeira semana, ao menos mil indígenas foram resgatados e atendidos. Tapeba disse que ia propor ao Ministério da Saúde a instalação de um hospital de campanha dentro da Terra Indígena.
Na segunda-feira (23), 12 profissionais da saúde, vinculados à Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), chegaram a Roraima para reforçar os atendimentos na Casa de Saúde Indígena (Casai), unidade que enfrentava superlotação: havia 715 indígenas internados, o dobro da capacidade de 300 vagas.
O hospital de campanha anunciado por Lula começou a funcionar na sexta-feira (27). A estrutura, que é da Força Aérea Brasileira (FAB), foi montada na área externa da Casai.
fonte: G1