A desigualdade de renda aumentou no Brasil durante a pandemia, mesmo com o pagamento do auxílio emergencial, em função da perda de renda da classe média, mostra o estudo “Mapa da riqueza”, preparado pela Fundação Getulio Vargas (FGV).
Com base em dados do Imposto de Renda, os pesquisadores Marcelo Neri e Marcos Hecksher apontaram que a desigualdade de renda no país é maior que a calculada com dados de renda do IBGE, coletados na Pesquisa por Amostra de Domicílio (Pnad).
Mesmo com o Auxílio Emergencial que preservou a renda dos mais pobres, a desigualdade não caiu em 2020, como se chegou a cogitar. Isso porque os ganhos da classe média recuaram 4,2%, tornando essa parcela da população a grande perdedora da pandemia, enquanto os 1% mais ricos tiveram retração de 1,5%.
O “Mapa da riqueza” mostra, ainda, que o Distrito Federal continua a ser a unidade da federação com a maior renda per capita do país (R$ 3.148) e o maior patrimônio declarado (R$ 94.684), enquanto o Maranhão, com respectivamente R$ 409 e R$ 6.329, se mantém como a mais pobre.
Os dados do estudo mostraram, no entanto, que uma grande parte da população não chega nem mesmo a alcançar renda suficiente para declarar o Imposto de Renda. Em 24 das 27 unidades da federação e 16 das capitais brasileiras, 80% ou mais da população não declara o IR, o que demonstra que essas pessoas recebem mensalmente menos de R$ 2 mil.
Ao mesmo tempo, o estudo mostra bolsões de riqueza pelo país. No Distrito Federal, os moradores do bairro Lago Sul mantêm renda média próxima dos R$ 40 mil e patrimônio em torno de R$ 1,4 milhão, maior que a renda de qualquer cidade brasileira.
Entre os 20 municípios mais ricos do país com população acima de 50 mil habitantes, todos são das regiões Sul e Sudeste. Nova Lima (MG), com renda média de R$ 8.897, está em primeiro lugar, enquanto os dez mais pobres, também com população acima de 50 mil pessoas, são todos das regiões Norte e Nordeste. Brejo da Madre de Deus (PE) registra a menor renda per capita, de R$ 659.