Quantos estamos deixando no caminho?

Joabson Nogueira
Postado 21/03/2025
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Há anos o Brasil vem sofrendo de uma verdadeira tormenta no desafio da educação da sua população. Por razões diversas, temos altas taxas de abandono escolar no país, embora algumas poucas políticas públicas tenham sido implementadas de forma eficaz para aumentar nossa taxa de escolarização.

O último censo da educação básica revelou que ainda temos um verdadeiro funil na educação brasileira. Vejamos isso em números: Na Educação Infantil, temos praticamente a universalização do atendimento a população nessa faixa etária (4 a 5 anos) na pré-escola, com cerca de 5,3 milhões de matrículas, enquanto na oferta de vagas em creches ainda falta atender um elevado contingente de cerca de 900 mil vagas, mesmo com a cobertura na rede privada pagas com recursos públicos.

Na fase do Ensino Fundamental é que se concentra a maior parte do nosso contingente de alunos da educação básica. Neste nível alcançamos um total de 26,1 milhões de matrículas, sendo 14,4 milhões nos anos iniciais (1º ao 5º ano) e 11,7 milhões nos anos finais (6º ao 9º ano). Nesta fase começamos a verificar o abandono escolar, pois somente cerca de 2,5 milhões chegam a concluir essa etapa da vida escolar, prosseguindo seus estudos para a fase seguinte.

No Ensino Médio, que seria a fase final de preparação do nosso aluno como cidadão, temos o registro de apenas 7,7 milhões de matrículas nos 3 ou 4 anos que caracterizar a oferta. Desses, apenas 2,2 milhões chegaram a concluir esse nível de ensino em no Brasil de 2024. Números muito pequenos quando comparados as nossas necessidades como nação.

Devemos lembrar que na Educação Básica prevalece a oferta em escolas públicas, com 78% das matrículas e em ambientes urbanos, onde se localizam 87% das matrículas, sendo boa parte desses alunos mantidos na escola em função das exigências de programas de distribuição de renda, que incluem a frequência escolar como obrigatória.

Devemos virar a chave para despertar a importância de melhorar nossa educação. Se ainda temos o desafio de permanecer numa escola de qualidade questionável, maior é o desafio de melhorar essa escola, passando pela valorização dos profissionais que nelas atuam e na formação adequada desses profissionais. O desafio é do tamanho do nosso Brasil. Não podemos mais deixar ninguém pelo caminho, o preço é muito alto para todos.

Eu sou Joabson Nogueira de Carvalho, doutor em Engenharia Elétrica, professor do Instituto Federal da Paraíba e consultor ad-hoc da Secretaria de Regulação e Supervisão do Ministério da Educação. Vamos estar juntos para trazer mais aspectos interessantes da educação e da tecnologia.

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